Mestre das histórias curtas, o que Stephen King oferece em O Bazar dos sonhos ruins é uma coleção generosa de contos – muitos deles inéditos no Brasil. E, antes de cada história, o autor faz pequenos comentários autobiográficos, revelando quando, onde, por que e como veio a escrever (ou reescrever) cada uma delas. Temas eletrizantes interligam os contos; moralidade, vida após a morte, culpa, erros que não cometeríamos se pudéssemos voltar no tempo…
Muitos deles são protagonizados por personagens no fim da vida, relembrando seus crimes e pecados. Outros falam de pessoas descobrindo superpoderes – como o colunista, em “Obituários”, que consegue matar pessoas ao escrever sobre suas mortes. Incríveis, bizarros e completamente envolventes, essas histórias formam uma das melhores obras do mestre do terror, um presente para seus Leitores Fiéis.
Fonte da sinopse: Suma de Letras
O Bazar dos Sonhos Ruins é um livro que reúne 20 contos; contos sombrios de uma das mentes mais brilhantes que já li (King quer ser meu BFF?). Mesmo que a maioria das pessoas não goste de contos por ser uma estrutura narrativa que não consegue se aprofundar muito, aqui é exatamente essa a ideia, deixar o leitor com um gosto de quero mais.
Já chega de papo. Talvez você queria comprar algum dos meus produtos agora, não? Tudo o que você vê foi feito à mão, e apesar de eu amar cada um deles, fico feliz em vendê-los, porque os fiz especialmente para você. Fique à vontade para examinar todos, mas tome cuidado, por favor. Os melhores têm dentes.
KING, Stephen.
Essa citação está no final da introdução geral que tem no início da introdução, e é maravilhosa para criar expectativa, não é mesmo? Todos os contos do livro têm uma introdução escrita pelo próprio King, o que nos leva numa viagem pela mente e pelo processo criativo dele (é um miniguia sobre o que ele passou para chegar naquele plot de história).
Os contos favoritos de O bazar dos sonhos ruins
Moralidade é um conto que já nos ganha pela introdução, com um tom de bate-papo, King nos conta sobre a época da faculdade em que vendeu trabalhos escolares (já que na arte da escrita ele é sensacional), ou quando ele vendia o próprio sangue para poder ganhar dinheiro, nos descreve isso sem medo de julgamento.
Um dia, voltando para a faculdade depois de vender meu sangue, me ocorreu que, se prostituição é se vender por dinheiro, então eu era um prostituto. Escrever ensaios de inglês e trabalhos de fim de período de sociologia também era uma forma de prostituição. Eu fui criado como metodista tradicional, tinha uma noção precisa de certo e errado, mas a verdade estava clara: eu tinha me tornado um prostituto, só que vendia meu sangue e meu talento para a escrita em vez da bunda.
Milha 81 tem uma história que basicamente fala sobre um carro canibal, esse é o conto que abre o livro, mas livros de contos eu nunca leio na ordem (a não ser que a introdução indique que talvez a ordem cronológica seja essencial), e nesse caso foi muito bom ler fora da ordem para não me deixar influenciar pela introdução que o king afirma ser um dos preferidos dele; o conto tem pinceladas sobrenaturais e referências pop como Transformes, Justin Bieber, Harry Potter e até Led Zeplin, tudo numa atmosfera de “Stranger Things”.
Vida Após a Morte é um conto curtinho sobre uma pessoa que morre, e a última coisa que ela vê é uma luz, até que vai parar numa sala e se dá conta de que existe vida após a morte. O que me ganhou nesse conto é que mesmo curto aqui dá para perceber o quanto o King desenvolveu o conceito de vida após a morte, e não tem como não terminar o conto e ficar filosofando sobre a mecânica de reencarnação (seja ela na minha visão ou na visão do King).
A Igreja de Ossos é um conto feito no estilo de poesia (talvez o que eu tenha menos curtido nessa seleção de contos), talvez porque esse estilo esteja fora da minha zona de conforto e talvez por isso eu não tenha aproveitado tanto, mas mesmo assim ainda indico até porque pretendo reler em breve.
Garotinho Malvado é provavelmente o conto forte, tenso e fala sobre a maldade pura que assustadoramente pode existir dentro de uma pessoa … George assassinou um garotinho com tiros à queima-roupa e foi condenado a pena de morte por isso, e em sua última conversa com seu advogado que ele dá sua versão de como conheceu o garotinho, e por quê/como ele o matou, mas a descrição não é gratuita e o conto nos leva a questão: O que teríamos feito no lugar de George? Esse foi o conto que na minha opinião exemplifica o título do livro… sim meus amigos, eu tive pesadelo.
Sob a circunstância certas, uma pessoa pode vender qualquer coisa. E viver com a culpa.
KING, Stephen.
Mister Delícia: Só queria dizer que King escreve que a morte pode ter a aparência de alguém que desejamos sexualmente no passado [pausa para um BERRO meu aqui], esse sem dúvida é o conto mais divertido [ainda estou pensando sobre como a minha morte vai parecer].
Enfim, King é um dos meus autores favoritos e eu poderia ficar listando as razões disso por dias, mas vale ressaltar que O bazar dos Sonhos ruins é uma excelente dica para quem nunca leu King, além de ser um presentão para qualquer leitor! A diagramação é simples e a capa é maravilhosa (como fã meu único desejo é que ela estivesse dentro daquele projeto Biblioteca King; já pensaram essa edição em capa dura?). Bons sonhos ruins a todos!
O Bazar dos Sonhos ruins
Autora: Stephen King | Editora: Suma de Letras
Páginas: 528 | ISBN: 9788556510303
Skoob | Goodreads
Para ler: Amazon
♥
Ósculos e Amplexos, Karina.
1 comentário
Marcela
26 de janeiro de 2019 at 15:33Só por ser de Stephen King, é um livro que vai automaticamente para a minha lista de leitura. Foi a primeira resenha de Bazar que eu li, e me deixou realmente curiosa! Ainda não conheço os contos curtos do autor, e esse livro parece um ótimo começo.