Um jovem príncipe se reúne com o fantasma de seu pai, que alega que seu próprio irmão, agora casado com sua viúva, o assassinou. O príncipe cria um plano para testar a veracidade de tal acusação, forjando uma brutal loucura para traçar sua vingança. Mas sua aparente insanidade logo começa a causar estragos – para culpados e inocentes.
Esta é a sinopse da tragédia de Shakespeare, agora em nova e fluente tradução de Lawrence Flores Pereira. Mas a trama inventada pelo dramaturgo inglês vai muito além disso: Hamlet é um dos momentos mais altos da criação artística mundial, um retrato – eletrizante e sempre contemporâneo – da vida emocional de um Homo sapiens adulto. Leitura obrigatória do vestibular da UFRGS.
Fonte de sinopse: Companhia das Letras
Voltamos com mais uma peça de William Shakespeare aqui no Prateleira de Cima e se você é daqueles que dizem não gosto muito de clássicos desse senhor inglês porquê a linguagem é muito rebuscada e difícil, você certamente já consumiu outras obras que bebem do enredo do Sr. Shakespeare. Falando mais especificamente de Hamlet pode dizer sem medo de errar que “O rei Leão” é fundamentado na fábula de Hamlet.
O plot de Hamlet
O plot envolve a vida da nobreza da Dinamarca, onde o Rei Hamlet é assassinado e o seu fantasma aparece para Hamelet Jr., insinuando que Claudio, irmão do rei e tio do Hamelt Jr., teria cometido o assassinato pois pretendia ficar com o trono e com a mãe (esposa do falecido) e pede vingança ao filho. É exatamente daqui que vem aquele ditado ” Há algo de podre no reino na Dinamarca”. O texto é dividido em 5 atos e ao longo de toda peça temos Hamlet Jr. acreditando no fantasma do pai. Então, o rapaz finge loucura como parte de um plano para desmascarar o tio.
“O bom e o mal não existem, é o pensamento que os faz assim.”
Muito provavelmente você já escutou a frase “Ser ou não ser eis a questão” e mesmo sem motivo aparente imagina alguém segurando uma caveira ao proclamar a frase. Sim, essa frase existe no texto de Hamlet e há uma cena com caveira. Mas elas não acontecem em sequência.
Eu particularmente acho muito louco como clássicos se tornam tão conhecidos mesmo quando você ainda nem leu a obra na integra! Obviamente Hamlet Jr. não acredita 100% no fantasma e é dai que vem as questões filosóficas. Além do núcleo familiar do Hamlet ainda temos Polônio que é conselheiro de Claudio e pai de Ofélia (cortejada pelo Hamlet) e Laerte, Laerte e o pai desconfiam de Hamlet logo podemos deduzir que o desenrolar das cenas ainda trará mais tragédias.
“Uma gota de mal,
Muitas vezes estraga a mais nobre substância
E a torna infame”
Vingança é um tema universal, então me perguntava o porquê da fama de “Hamlet”? O que torna o texto de Shakespeare mais uma vez digno de se tornar um clássico é a maneira ardilosa como a trama se desenvolve. O casamento entre o Tio e a mãe (considerado incesto na época) é uma ótima desculpa para que as pessoas a volta do Hamlet Jr. não levasse as desconfianças a serio. O plano para descobrir a verdade não ficará restrito apenas a sua família e a tragédia se estenderá a Ofélia (o crush do Hamlet Jr.) e sua família.
O que sem dúvida faz a diferença nessas leituras de clássicos são edições que contam com material de apoio pra leitura. Afinal de contas são textos que apesar de reencenados milhares de vezes foram escrito por volta de 1600. A edição na qual eu fiz a leitura é a da Penguin sela da Companhia das Letras que, a mesma do livro Romeu e Julieta. Essa edição de Hamlet conta com a tradução de Lawrence Flores Pereira, que também assinou a introdução e os textos e notas de apoio da obra. O livro também possui um ensaio intitulado Hamlet e seus problemas assinado por T. S Eliot.
Hamlet querido, larga estas cores sombrias, e te permite olhar o rei como um amigo. Não fiques para sempre, com olhos velados, mudos, procurando o teu nobre pai no pó. Tu sabes que é normal – tudo que vive, morre. Atravessando a vida para a eternidade.
A complexidade dos personagem ao longo dos anos passou por diversos estudos e grande nomes como Freud por exemplo usa Hamlet para exemplificar. No seu trabalho ”A Teoria dos Sonhos” o lado sombrio que existe em todos nós, através da afirmação do complexo de Édipo que basicamente resumiria varias neuroses humanas.
A sanidade mental de Hamlet e contestada por muitos, mas é apenas um ponto a se observar afinal de contas em “Dom quixote” (outro clássico que logo veremos por aqui) onde sua loucura também pode ser considerada um excesso da razão também é observado e criticado. Em obras clássicas há sempre o peso sobre até onde algo é ético e natural e as vezes esses questionamentos vem em forma de questionar a loucura ou a razão.
Se eu tivesse que afirmar algo sobre a personagem eu afirmaria que ela mais pensa do que age. Mesmo sem tanta ação os pilares da tragédia estão enraizados no texto. Ainda há quem aponta a misoginia da obra porque Hamlet desconfia o tempo todo das únicas personagens femininas que aparecem. Eu discordo que seja misógino e acredito apenas que é fruto de imaturidade do personagem que se sente pressionado a tomar decisões. Independente dos meus achismos essa é uma obra que deveria ser lido assim podemos entender 100% das referências que a obra produz até hoje.
E vocês: qual o clássico preferido de vocês?
Hamlet
Autor: William Shakespeare | Tradução: Lawrence Flores Pereira
Editora: Penguin-Companhia
Páginas: 320 | ISBN: 9788582850145
Skoob | Goodreads
Para ler: https://amzn.to/2CPG6Bw
♥
Ósculos e Amplexos, Karina.
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