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Resenhas

Três irmãs, de Jung Chang

Três irmãs
Livro Três irmãs, escrito por Jung Chang, publicado no Brasil pela Companhia das Letras com tradução de Odorico Leal

Já é sabido que eu amo biografias. Outra coisa que chama minha atenção também, é história. E Três Irmãs, de Jung Chang, juntas essas duas coisas nesse livro maravilhoso para contar a histórias dessas três irmãs tão diferentes entre si e o quanto a vidas dessas mulheres está entrelaçada com a história e formação da China Moderna.

O mais conhecido conto de fadas chinês moderno é a história das irmãs Soong, cujas vidas se estenderam do fim do século XIX ao início do século XXI. A Irmã Mais Velha, Ei-ling, casou-se com o homem mais rico da China, H. H. Kung. A Irmã Vermelha, Ching-ling, foi a companheira de Sun Yat-sen, pai fundador da China moderna e seu primeiro presidente. E a Irmã Mais Nova, May-ling, se tornaria a ambiciosa Madame Chiang Kai-shek, esposa do líder da República da China.

Em cem anos de guerras e revoluções constantes, as irmãs Soong estiveram no centro das mudanças do país e deixaram uma marca indelével na história chinesa. Elas desfrutaram privilégios e glórias, mas também se envolveram em disputas perigosas – inclusive entre si. Neste épico de amor, guerra, exílio, intriga, glamour e traição, Jung Chang entrelaça os acontecimentos da China do século XX à vida de três mulheres inesquecíveis

Fonte da Sinopse: Companhia das letras

Me interessei pelo livro por conta do título e por conta da sinopse que eu havia rapidamente passado o olho. A obra foi publicada aqui no Brasil pela Companhia das Letras, editora no qual o Prateleira de Cima tem parceria.

Três irmãs
As irmãs Soong por volta de 1917. Imagem: Wesleyan College

Jung Chang é uma escritora chinesa que atualmente vive na Inglaterra. A sua mais importante obra, Cisnes Selvagens, ela descreve como três gerações de mulheres vivenciaram as grandes transformações que a China passou ao longo do século XX,

Em Três Irmãs, Jung Chang irá se debruçar na história de vida das irmãs Soong (que mudam de nome ao longo do livro). A vida dessas três irmãs tão ambiciosas está totalmente relacionada com diversos e acontecimentos que transformaram a China ao longo dos anos.

Uma curiosidade que me chamou muita atenção nesse livro é que, a principio, a autora até já tinha pensado em escrever um livro sobre as irmãs, mas descartou a ideia. Foi no processo de pesquisa e estudo sobre a vida Sun Yat-sen que a história dessas irmãs se mostrou bem mais interessante.

Na China, havia três irmãs. Uma delas amava o dinheiro, a outra amava o poder, e a última amava seu país.

Três irmãs, p.19

As irmãs Soong são três mulheres com características e personalidades diferentes: Ei-ling, a Irmã Mais Velha (1889-1973), Ching-ling, a Irmã Vermelha (1893-1981) e May-ling, a Irmã Mais Nova (1898-2003). O pai das meninas era de origem humilde e viveu por muitos anos nos Estados Unidos, onde estudou e foi batizado na igreja metodista, se tornando anos mais tarde missionário em sua terra Natal. O vínculo com a comunidade metodista americana trouxe a oportunidade das irmãs serem educadas nos Estados Unidos em escolas renomadas com a Wesleyan.

Apesar de parecer que elas viviam relacionamentos complicados, o cenário é bem diferente. As irmãs eram amáveis e carinhosas umas com as outras. A gente consegue sentir que há uma certa cumplicidade entre elas. As coisas começam a mudar elas quando as convicções políticas ficam tão fortes que acabam sobrepondo o relacionamento dessas três mulheres.

Três irmãs
Livro Três irmãs, escrito por Jung Chang, publicado no Brasil pela Companhia das Letras com tradução de Odorico Leal

O que achei de Três irmãs

É um livro intenso, porém fluído. Não há muita enrolação para contar os fatos. Chang se debruça em muitos documentos e correspondências escritas pelas figuras presentes na biografia para poder enfatizar algum ponto. O livro é bem histórico e trata de muitos aspectos políticos, o que pode ser um pouco maçante ou cansativo para alguns leitores desavisados. Porém, não poderia ser diferente, já que se trata da história de 3 mulheres que estavam totalmente envolvidas nas decisões politicas, econômicas e sociais da China.

A história da China moderna está intimamente entrelaçada aos traumas pessoais das irmãs Soong.

Três irmãs, p.19

Uma das coisas que me incomodaram na leitura do livro, é que a autora fala muitos de outras pessoas que estão envolvidas na história das irmãs para só então entrar de fato na histórias delas. Eram capítulos inteiros para contar a história de vida do Chang Kai-Sheik ou Sun Yat-sen, figuras importantes na vida das irmãs. Eu sei que precisava desse entendimento prévio para entender o o papel delas na história. Mas a sensação, em algum momentos de leitura, era a história dessas outras pessoas que eu estava lendo e que as irmãs eram meras coadjuvantes.

Apesar disso, a autora traz à tona com essa biografia que as irmãs foram as grandes articuladoras para as mudanças que ocorreram na China ao longo da primeira metade do Séc. XX. O livro faz uma certa justiça ao papel das irmãs, que em muitos registros históricos as tratam apenas como as “esposas” dos grandes chefes chineses.

Três irmãs
Da esq. para dir.: A Irmã Mais Nova (May Ling), a Irmã Mais Velha (Ei-ling) e a Irmã Vermelha (Ching-ling) juntas em 1942.
Fonte da Imagem: The New York Times

Além de Três Irmãs, Chang já escreveu Cisnes Selvagens, Mao: a história desconhecida e A imperatriz de ferro. Fiquei muito curiosa sobre esse último livro que irá contar a história da imperatriz chinesa que era uma concubina e guiou o país para a modernidade.

Três irmãs é um livro interessante, principalmente para os que curtem ler biografias, história e também conhecer um pouco mais sobre a China.

Três irmãs (Big Sister, Little Sister, Red Sister)
Autor
: Jung Chang
Tradução: Odorico Leal | Editora: Companhia das Letras
Páginas: 392 | ISBN: 9788535933314
Skoob | Goodreads
Para lerhttps://amzn.to/3nEYS5u


Mil beijos e até mais.

Sobre o autor

Karin Paredes, 37 anos, baixinha, tagarela, adora livros e bibliotecas. Bibliotecária, casada com o Eduardo. Carioca vivendo sonhos em São Paulo. No Prateleira de Cima, fala sobre livros, leituras, literatura e biblioteconomia.

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