Já é sabido que eu amo biografias. Outra coisa que chama minha atenção também, é história. E Três Irmãs, de Jung Chang, juntas essas duas coisas nesse livro maravilhoso para contar a histórias dessas três irmãs tão diferentes entre si e o quanto a vidas dessas mulheres está entrelaçada com a história e formação da China Moderna.
O mais conhecido conto de fadas chinês moderno é a história das irmãs Soong, cujas vidas se estenderam do fim do século XIX ao início do século XXI. A Irmã Mais Velha, Ei-ling, casou-se com o homem mais rico da China, H. H. Kung. A Irmã Vermelha, Ching-ling, foi a companheira de Sun Yat-sen, pai fundador da China moderna e seu primeiro presidente. E a Irmã Mais Nova, May-ling, se tornaria a ambiciosa Madame Chiang Kai-shek, esposa do líder da República da China.
Fonte da Sinopse: Companhia das letras
Em cem anos de guerras e revoluções constantes, as irmãs Soong estiveram no centro das mudanças do país e deixaram uma marca indelével na história chinesa. Elas desfrutaram privilégios e glórias, mas também se envolveram em disputas perigosas – inclusive entre si. Neste épico de amor, guerra, exílio, intriga, glamour e traição, Jung Chang entrelaça os acontecimentos da China do século XX à vida de três mulheres inesquecíveis
Me interessei pelo livro por conta do título e por conta da sinopse que eu havia rapidamente passado o olho. A obra foi publicada aqui no Brasil pela Companhia das Letras, editora no qual o Prateleira de Cima tem parceria.
Jung Chang é uma escritora chinesa que atualmente vive na Inglaterra. A sua mais importante obra, Cisnes Selvagens, ela descreve como três gerações de mulheres vivenciaram as grandes transformações que a China passou ao longo do século XX,
Em Três Irmãs, Jung Chang irá se debruçar na história de vida das irmãs Soong (que mudam de nome ao longo do livro). A vida dessas três irmãs tão ambiciosas está totalmente relacionada com diversos e acontecimentos que transformaram a China ao longo dos anos.
Uma curiosidade que me chamou muita atenção nesse livro é que, a principio, a autora até já tinha pensado em escrever um livro sobre as irmãs, mas descartou a ideia. Foi no processo de pesquisa e estudo sobre a vida Sun Yat-sen que a história dessas irmãs se mostrou bem mais interessante.
Na China, havia três irmãs. Uma delas amava o dinheiro, a outra amava o poder, e a última amava seu país.
Três irmãs, p.19
As irmãs Soong são três mulheres com características e personalidades diferentes: Ei-ling, a Irmã Mais Velha (1889-1973), Ching-ling, a Irmã Vermelha (1893-1981) e May-ling, a Irmã Mais Nova (1898-2003). O pai das meninas era de origem humilde e viveu por muitos anos nos Estados Unidos, onde estudou e foi batizado na igreja metodista, se tornando anos mais tarde missionário em sua terra Natal. O vínculo com a comunidade metodista americana trouxe a oportunidade das irmãs serem educadas nos Estados Unidos em escolas renomadas com a Wesleyan.
Apesar de parecer que elas viviam relacionamentos complicados, o cenário é bem diferente. As irmãs eram amáveis e carinhosas umas com as outras. A gente consegue sentir que há uma certa cumplicidade entre elas. As coisas começam a mudar elas quando as convicções políticas ficam tão fortes que acabam sobrepondo o relacionamento dessas três mulheres.
O que achei de Três irmãs
É um livro intenso, porém fluído. Não há muita enrolação para contar os fatos. Chang se debruça em muitos documentos e correspondências escritas pelas figuras presentes na biografia para poder enfatizar algum ponto. O livro é bem histórico e trata de muitos aspectos políticos, o que pode ser um pouco maçante ou cansativo para alguns leitores desavisados. Porém, não poderia ser diferente, já que se trata da história de 3 mulheres que estavam totalmente envolvidas nas decisões politicas, econômicas e sociais da China.
A história da China moderna está intimamente entrelaçada aos traumas pessoais das irmãs Soong.
Três irmãs, p.19
Uma das coisas que me incomodaram na leitura do livro, é que a autora fala muitos de outras pessoas que estão envolvidas na história das irmãs para só então entrar de fato na histórias delas. Eram capítulos inteiros para contar a história de vida do Chang Kai-Sheik ou Sun Yat-sen, figuras importantes na vida das irmãs. Eu sei que precisava desse entendimento prévio para entender o o papel delas na história. Mas a sensação, em algum momentos de leitura, era a história dessas outras pessoas que eu estava lendo e que as irmãs eram meras coadjuvantes.
Apesar disso, a autora traz à tona com essa biografia que as irmãs foram as grandes articuladoras para as mudanças que ocorreram na China ao longo da primeira metade do Séc. XX. O livro faz uma certa justiça ao papel das irmãs, que em muitos registros históricos as tratam apenas como as “esposas” dos grandes chefes chineses.
Além de Três Irmãs, Chang já escreveu Cisnes Selvagens, Mao: a história desconhecida e A imperatriz de ferro. Fiquei muito curiosa sobre esse último livro que irá contar a história da imperatriz chinesa que era uma concubina e guiou o país para a modernidade.
Três irmãs é um livro interessante, principalmente para os que curtem ler biografias, história e também conhecer um pouco mais sobre a China.
Três irmãs (Big Sister, Little Sister, Red Sister)
Autor: Jung Chang
Tradução: Odorico Leal | Editora: Companhia das Letras
Páginas: 392 | ISBN: 9788535933314
Skoob | Goodreads
Para ler: https://amzn.to/3nEYS5u
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Mil beijos e até mais.
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