Gente, gente …. GENTE!!!! Quero muito conversar com vocês sobre Em algum lugar nas estrelas.
Juro para vocês que estava muito ansiosa para escrever essa resenha. Não sei o que falar desse livro. Sério, me impressionei com a leitura e no final fiquei toda “ohhhhhh”. Posso dizer que foi uma das leituras de 2016 favoritas. Já está no top 3.
Em algum lugar nas estrelas chegou no Prateleira de Cima através da parceria com a Darkside Books. O livro foi lançamento do mês de junho e o encanto com a obra começou com o pacotinho que chegou aqui em casa. Não soube lidar e fiquei com o livro embaladinho por alguns dias até começar a lê-lo.
É o caso de Em algum lugar nas estrelas, da autora norte-americana Clare Vanderpool. Um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença.
Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai… bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine. O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden.Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor.
Obsessivo, Early Auden tem regras específicas sobre que músicas deve ouvir em cada dia da semana: Louis Armstrong às segundas; Sinatra às quartas; Glenn Miller às sextas; Mozart aos domingos e Billie Holiday sempre que estiver chovendo. Seu comportamento é um dos muitos indícios da síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo que só seria descoberta muito tempo depois da Segunda Guerra.
Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.
Fonte: Darkside Books
Comecei a leitura de Em algum lugar nas estrelas sem ler a sinopse. O que para mim foi bem interessante, pois gosto de pegar livros sem saber da história para não criar expectativas. No começo, fiquei sem saber do que se tratava o livro, meio perdida na narrativa. Já estava por volta da página 100 e não conseguia me apegar a história. Estava tudo muito incipiente. O enredo ainda não se conectava, parecia tudo muito sem propósito. Então a aventura surgiu de fato e o livro se tornou bem mais interessante e atrativo.
A narrativa de Em algum lugar nas estrelas
O livro é narrado em primeira pessoa (narrador-personagem) pelo Jack Baker. Acho que parte da confusão inicial se dá pelo fato da narrativa não está centrada nesse personagem e sim no amigo, Early. O narrador da história acaba se tornando um coadjuvante em toda a trama.
Os personagens principais são crianças, mas de uma profundidade que não conseguimos mensurar. Já desde muito cedo, eles passam por situações de perda, de se entender como parte do mundo. A afeição por eles é imediata. A inocência e a esperança é o que os movem por uma jornada para encontrar o desconhecido, mas o que eles acabam encontrando é muito maior do que imaginavam.
Em algum lugar nas estrelas é contado de forma tranquila e doce. Sentimos uma paz, a gente flui com o enredo. Chega a ser poético a intercalação da jornada de Jack e Early, e a história de Pi, que Early conta. Eu não sei dizer, você tem vontade de abraçar os dois enquanto lê os livros, quer colocar no colo e dizer que está tudo bem. O final é inesperado e sentimos que algo se concluiu. Todos as pontas são amarradas e nada fica solto sem conclusão.
A ideia da autora de Em algum lugar nas estrelas talvez fosse retratar o autismo de forma simples e reflexiva. A escolha do tempo talvez tenha sido proposital. Na década de 1940, as pessoas nem conheciam sobre esse transtorno.
Não haviam estudos ou pesquisas suficientes para compreender o comportamento das crianças portadoras desse distúrbio da mesma forma como podemos entender hoje. Vanderpool não estereotipou Early e conseguiu mostrar que essas crianças possuem particularidades e peculiaridades próprias para captar e compreender o mundo ao seu redor. Early é uma criança que encontrou a sua maneira de entender a vida e usa o número pi (3,14) para ajudá-lo.
Em algum lugar nas estrelas tem um projeto gráfico e editorial muito bonito. A capa dura é encantadora mostrando o céus cheio de estrelas e constelações. Além disso o livro é cheio de detalhes por dentro e possui uma boa diagramação, o que torna a experiência de leitura agradável. Há outros detalhes no livro que acabei não conseguindo fotografar, mas que são de um cuidado que me deixou apaixonada por ele.
O único detalhe que eu ainda não havia comentado sobre os livros da DarkSide Books e que me incomoda, é o fato da posição da lombada está ao contrário, está com a direção invertida. Isso atrapalha na hora de fotografar os livros ou criar uma composição harmoniosa entre a capa e a lombada para ser registrada. Como bibliotecária, diria que está fora do padrão e com isso acaba ficando de cabeça para baixo quando o livro está repousado em alguma superfície. Não adianta, meu olhar técnico sempre aparecendo, rsrsrs.
Em algum lugar nas estrelas é uma história leve e bonita, que trata de um assunto delicado através do olhar da amizade e companheirismo. Uma das leituras que gostei muito de fazer esse ano. Recomendo de olhos fechados. tenho certeza que você irá se encantar com o livro.
Em algum lugar nas estrelas (Navigating Early)
Autor: Clare Vanderpool | Tradutor: Debora Isidoro
Editora: Darkside Books
Páginas: 272 | ISBN:9788566636833
Skoob | Goodreads
Para ler: https://amzn.to/3bl4gmR
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Mil beijos e até mais!
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6 Comentários
karina de carvalho gonçalves
18 de julho de 2016 at 23:05Nossa , achei que só eu reparava na lombada rs é mesmo difícil de achar uma posição pra fotografar rsrsrsrs! Amei Kah, bjos e até a próxima.
Karin Paredes
19 de julho de 2016 at 10:06Claro que não é a única, menina! (rsrsrsrs)
Tecnicamente, a lombada está na posição errada. Há alguns padrões que orientam para isso, mas as editoras utilizam padrões próprios para desenvolver a diagramação da capa.
E isso não é exclusivo da Darkside Books, várias outras também fazem.
Fico triste porque atrapalha na composição para uma foto bonitinha.
Mil beijos!!!
Nicas
19 de julho de 2016 at 22:35Parei de comprar livros de papel por causa do Kindle, mas as edições da DarkSide são irresistíveis!
Esse livro está na minha lista mais pela referência do maine (e do King) do que qualquer outra coisa.
A única coisa que me desanimou um pouco foi essa coisa de você só se apegar mesmo lá pela página 100, demoro horrores pra engatar na história e tô vendo que aqui não vai ser diferente.
Karin Paredes
21 de julho de 2016 at 17:45Olá Nicas,
O Kindle tira um pouco essa questão do livro-objeto. Mas o que vale é o que tá dentro, né!
Seja físico ou digital.
Acontecem coisas no livro antes da página 100, mas eu não havia entendido muito bem o porquê.
Pode ler sem medo. É bonito e delicado.
Mil beijos
Larissa Zorzenone
3 de maio de 2018 at 14:05Oi Karin
Eu tenho tanta vontade de ler esse livro que nem sei explicar. A lombada assim também me incomoda. Dizem que a lombada dessa forma é padrão europeu, e o que a gente prefere, que dá pra ver a capa, é padrão americano. Nesse caso, prefiro os americanos hehe. Adorei a sua resenha.
Vidas em Preto e Branco
Karin Paredes
12 de maio de 2018 at 10:06Oie Larissa!!!
Já falei que adoro ver seus comentários por aqui? Adoro mesmo viu!
Esse livro é muito amor! Por favor, não demore muito, você não vai se arrepender!
Eu não sabia dessa explicação para as lombadas. Existe uma norma ABNT que fala sobre as lombadas e o padrão que deve ter para os trabalhos acadêmicos.
Eu gosto dela da maneira que se o livro estiver repousado em uma superfície eu consiga ler o que está escrito sem precisar virar a cabeça. E ficam mais fofinhos para fotografar. Bom, vai de cada editora!
Mil beijos