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Resenhas

A obscena Senhora D., de Hilda Hilst

A obscena Senhora D., de Hilda Hilst
A obscena Senhora D.

A obscena senhora D., escrito pela renomada autora brasileira Hilda Hilst, é uma obra literária que desafia convenções e mergulha nas profundezas da psique humana. Publicado originalmente em 1982, o livro é uma exploração intensa e controversa da sexualidade, da identidade, do luto e da solidão.

Ao embaralhar os gêneros em uma prosa densa e radical, A obscena senhora D é uma novela sobre o luto com fartas doses de dramaturgia, filosofia e poesia.

Aos sessenta anos, após a morte do marido, Hillé – a senhora D – percebe que está absolutamente sozinha. Em seu luto, a protagonista decide viver no vão da escada de casa e experimentar o mais profundo isolamento. Num intenso fluxo de consciência, ela se vê às voltas com lembranças do passado ao mesmo tempo que se pergunta sobre o verdadeiro sentido da vida.

Lançado originalmente em 1982, A obscena senhora D é uma das obras mais cultuadas e transgressoras de Hilda Hilst. Incluída em Da prosa, a edição conta com posfácio inédito da professora Eliane Robert Moraes.

Fonte da Sinopse: Companhia das Letras

A narrativa gira em torno da protagonista, a Senhora D., uma mulher madura e solitária que vive em uma casa isolada, afastada da sociedade e imersa em seus próprios pensamentos e fantasias. Hilda Hilst utiliza uma linguagem rica e provocativa para retratar a jornada interior da personagem, mergulhando nas camadas mais íntimas de sua existência.

Através de uma prosa poética e fragmentada, Hilst nos conduz a um universo sensorial intenso, onde a Senhora D. busca desesperadamente por uma conexão emocional e sexual. A autora desafia as convenções sociais e tabus ao explorar temas como a solidão, a liberdade sexual e o envelhecimento. O livro é uma reflexão sobre a natureza humana e suas complexidades.

A obscena Senhora D., de Hilda Hilst

As temáticas em A obscena Senhora D.

A Senhora D. é retratada como uma mulher corajosa e desafiadora, que se liberta das amarras da moralidade e dos papéis de gênero impostos pela sociedade. Sua busca pela sexualidade plena é apresentada de forma crua e sem concessões, rompendo com as expectativas tradicionais da feminilidade.

Além disso, Hilst aborda questões filosóficas e existenciais ao longo da narrativa. A Senhora D. questiona a própria identidade e o propósito da vida, buscando respostas em meio às suas experiências sexuais e relacionamentos passageiros. Hilst utiliza a sexualidade como uma metáfora para a busca do significado mais profundo da existência humana.

O livro também é um estudo sobre a solidão e o isolamento. A Senhora D., confinada em sua casa, encontra-se em constante diálogo consigo mesma e com a ausência de outros. Hilst retrata com maestria a solidão como uma força opressiva que permeia a vida da protagonista, ao mesmo tempo em que se torna um catalisador para sua busca por liberdade e autenticidade.

O estilo literário em A obscena Senhora D.

O estilo literário de Hilda Hilst é marcado por uma prosa poética e fragmentada, que desafia as estruturas tradicionais do romance. Ela cria um ambiente linguístico carregado de sensualidade e experimentação, mergulhando o leitor em um turbilhão de pensamentos, desejos e reflexões. Não há pontuação ou qualquer tipo de marcação para entendermos quem está ali falando com a Senhora D. Para leitores iniciantes, pode ser bem confuso manter a leitura.

“A obscena senhora D” é uma obra que provoca reações diversas nos leitores. Sua abordagem ousada e sua linguagem explícita podem ser desconcertantes para alguns, enquanto outros enxergam na obra uma profunda e corajosa exploração da natureza humana.

A obscena Senhora D., de Hilda Hilst
A obscena Senhora D.

O que achei de A obscena Senhora D.

Fluxo de consciência não é um dos recursos da escrita literária que mais curto. Tenho muita dificuldade para acompanhar livros assim. A obscena Senhora D. é tão intenso nesse quesito e tão visceral que ao longo da leitura, eu desejava fortemente “assistir” o livro. É um monológo tão teatral que me dava muita vontade de assistir a própria Hilda Hilst dramatizando o livro. Eu não queria ler A obscena Senhora D. Eu queria assistir para conseguir conectar de forma concreta com aquela personagem

Como isso era algo totalmente proibitivo por questões óbvias, eu tive muita dificuldade de manter a atenção na leitura (o fluxo de consciência atrapalhando o rolê). O estilo de escrita, sem saber qual voz era a que estava sendo feita no momento, também ajudou muito na minha dispersão.

Apesar de ser um livro bem curto (80 páginas só). Demorei bastante na leitura. Voltei várias vezes as páginas para conseguir me conectar.

Ao longo do livro, Hilda Hilst nos confronta com a fragilidade e a complexidade do ser humano, desafiando-nos a questionar nossas próprias crenças e preconceitos. Sua escrita visceral e inovadora nos leva a refletir sobre a sociedade, a sexualidade e o sentido da vida.

“A obscena senhora D” é uma obra-prima da literatura brasileira que continua a desafiar e a inspirar leitores até os dias de hoje. Hilda Hilst, com sua coragem e talento, nos presenteia com uma narrativa profunda e impactante, que nos convida a olhar para além das aparências e a explorar os mistérios da existência humana.

A obscena Senhora D.
Autor: Hilda Hilst
Editora: Companhia das LetrasPáginas: 80
ISBN: 9788535933291
Para ler:

Mil beijos e até mais!

Sobre o autor

Karin Paredes, 37 anos, baixinha, tagarela, adora livros e bibliotecas. Bibliotecária, casada com o Eduardo. Carioca vivendo sonhos em São Paulo. No Prateleira de Cima, fala sobre livros, leituras, literatura e biblioteconomia.

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