Em A química que há entre nós, Grace Town é esquisita. E não é apenas por suas roupas masculinas, seu desleixo e a bengala que usa para andar. Ela também age de modo estranho: não quer se enturmar com ninguém e faz perguntas nada comuns. Mas, por algum motivo inexplicável, Henry Page gosta muito dela. E cada vez mais ele quer estar por perto e viver esse sentimento que não sabe definir. Só que quanto mais próximos eles ficam, mais os segredos de Grace parecem obscuros.
Mesmo que pareça um romance fadado ao fracasso, Henry insiste em mergulhar nesse universo misterioso, do qual nunca poderia sair o mesmo. Com o tempo, fica claro para ele que o amor é uma grande confusão, mas uma confusão que ele quer desesperadamente viver.
Fonte da Sinopse Editora GloboAlt
Esse é o romance de estreia de Krystal [anota isso aí, porque toda vez que eu elogiar esse livro, vocês podem se lembrar que é um romance de estreia o que deixa o elogio ainda mais reforçado]. O A química que há entre nós” é um YA (Young adult/ jovem adulto) inteligente, sarcástico e lotado de referências geeks, nerds e pops e torna impossível não se identificar com os personagens sejam eles os protagonistas ou secundários.
Histórias com finais felizes são só histórias que não terminaram ainda.
O plot de A química que há entre nós gira em torno de Henry Page, um garoto que está no último ano do ensino médio, que se esforçou muito para ser o editor do jornal da escola e o momento que ele conhece Grace Town, uma garota recém transferida para sua escola, mas Grace não é uma garota comum, ela possui um estilo Tom boy / mendigo de ser, aparentemente não socializar com facilidade e anda mancando com o auxílio de uma bengala.
–Você não acredita que tudo aconteceu por um motivo?
Grace bufou.
– Olhe para cima Henry, para aquilo lá, Henry. Olhe para aquilo lá e me diga, com honestidade, se você acha que nossas vidas são qualquer coisa além de uma cascata ridícula de probabilidades aleatórias. Uma nuvem de poeira e gás forma o nosso planeta, uma reação química cria a vida, e então todos os nossos ancestrais homens das cavernas vivem apenas o tempo suficiente para transar um com o outro antes de terem mortes terríveis.
Henry que é um aluno exemplar consegue ser indicado para ser editor chefe do jornal, mas é posto para trabalhar com Grace (e dividir a chefia), Grace não quer escrever nunca mais e diz que Henry pode ficar com o cargo todo para ele; Henry não entende a esfera de mistério que ronda Grace e é a partir daí que vamos nos aventurar por um mundo de reações químicas, diversão, sarcasmo e alguns corações quebrados.
– Grace Town é uma charada embrulhada em um mistério dentro de um enigma.
A narrativa de A química que há entre nós
Embora 80% de A química que há entre nós seja focado, na paixão à primeira vista de Henry por Grace, ou no mistério que Grace é para Henry [o que as vezes se torna meio repetitivo], todos os personagens secundários são MARAVILHOSOS, muito bem construídos e divertidos; Henry tem (muito possivelmente) os pais mais legal da literatura #MeAdotem.
Sadie a irmã mais velha , gênio e que causou muito problema na escola tem uma relação super legal com Henry (e eu queria muito um spin off dela), Lola é a melhor amiga de Henry que todos queríamos ter, ela é incrível, lésbica, decidida, talentosa e responsável por dar os puxões de orelhas no Henry, enquanto Murray o amigo australiano [gatíssimo] fica responsável pelas cenas divertidas, é apaixonado por uma Indiana [na vida real, rola um preconceito velado de australianos com asiáticos -]; todos eles não são só personagens decorativos, eles crescem em suas próprias histórias ou invés de estarem lá por estatística da diversidade literária.
Quando eu olho para o céu de noite, eu me lembro de que não sou nada além das cinzas de estrelas mortas há muito tempo. Um ser humano é um conjunto de átomos que se juntam em um padrão ordenado por um breve período de tempo e então se desmorona outra vez. Encontro conforto na minha pequenez.
Embora o livro tenha um romance a história não é baseada nisso, a escrita nos entrega questionamentos bem profundos, sem nos força a engoli-los. Eu tinha tudo para não me apegar a Grace [porque o quase bipolarismo dela me incomodou muito durante a leitura], ela é a diferentona que aparece da mesma maneira que desaparece.
Porém, a jornada de Henry para descobrir o porquê aquela garota é apenas um espectro do que era a poucos meses atrás antes de mudar de escola me comoveu a ponto de, embora não concordar com as escolhas da meninas, passei a apenas a aceitá-las exatamente como Henry faz. E mais do que isso: quando finalmente, depois de muitas páginas, descobri o que a fez tomar as decisões que tomou, viver da maneira que vive, quis poder tirá-la do livro e abraçá-la. Fiquei com raiva da vida de ter sido injusta da maneira que fui.
Não sou religiosa, mas até eu consigo apreciar que isso é redenção, na maior parte das escalas. Esquecimento não é assustador; é a coisa mais próxima da absolvição genuína de um pecado que consigo imaginar.
Com uma narração em primeira pessoa, uma diagramação simples e charmosa que difere o texto nos momentos em que os personagens trocam mensagens de texto, “ A química que há entre nós” é um livro simples ao mesmo tempo que complexo (você já parou pra pensar sobre a diferença entre amar uma pessoa e amar a ideia que você tem de uma pessoa?), tem personagens irônicos, quebrados e tão maravilhosos quanto poderiam ser mesmo com todos os defeitos que apresentam, a capa é LINDA e tem tudo a ver com uma cena que é muito bem descrita logo no comecinho (eu queria muito ver esse livro adaptado para o cinema).
A Química que há entre nós
Autora: Krystal Sutherland | Editora: Globo alt
Páginas 271 | ISBN: 9788525062406
Skoob | Goodreads
Para ler: https://amzn.to/3lF81xT
♥
Osculos e Amplexos, Karina.
Sem comentários