Vou confessar que As Meninas foi o livro escolhido para o Desafio Literário 2012 mais difícil que já li até agora. Eu tive uma baita preguiça para pegá-lo e começar a ler. Sem contar que ele me fez quebrar a rotina de 2 livros por tema/mês.
Escrito pela Ligia Fagundes Telles, As Meninas é um clássico contemporâneo da Literatura Brasileira. Lançado em 1973 e ganhador do Prêmio Jabuti de 1974, o livro conta a história de 3 jovens universitárias que vivem em um pensionato de freiras progressistas na região central de São Paulo. As garotas são amigas e, em alguns momentos, até mesmo muito cúmplices.
Lorena Vaz Leme é aluna de Direito, culta e aristocrática. Sua familia descendente de Bandeirantes, vai à derrocada após a morte acidental do irmão. Apaixonada por um homem mais velho é a mais passiva das três. Virgem, vive esperando o suposto momento que M. N. irá largar a família para ficar com ela.
Lia de Melo Shultz, mais chamada como Lião, é filha de baiana com pai alemão. Saí da Bahia e vai para “cidade grande” estudar Ciências Sociais. Engajada políticamente, acaba se envolvendo com um grupo militante de esquerda. Lia se apresenta como uma tipíca militante: não gosta muito de banho, não cuida da aparencia e se veste mal.
Ana Clara Conceição é mais fraca de temperamento. Com a infância sofrida e carente, vivida com a mãe prostituída e mal trata pelos sucessivos parceiros, Ana Clara desconhece o pai. Com a ilusão de ficar rica se casando com um noivo rico, ela passa boa parte do enredo drogada no seu quarto divagando sobre a vida, juntamente com o namorado traficante Max.
A história de As meninas se passa no final dos anos 60 mostrando os momentos mais acirrados do regime militar, com muitas perseguições, prisões e torturas de militantes políticos; greves universitárias e agitações sociais que marcaram o período. Ela mostra exatamente os problemas dessas meninas e das pessoas que estão ao redor delas, fazendo uma reflexão do que esses jovens passaram e pensaram focando nas situações enfrentadas por eles nesse momento tão complicado da história. Com um final um tanto quanto previsível, o livro apresenta os conflitos dessas 3 meninas solitárias
O que achei de As meninas
Com uma narrativa escrita ora em primeira pessoa ora em discurso indireto livre, confesso que fiquei muito perdida nos diálogos. Claro que era intencional e fazia que analisássemos o temperamento e as reflexões das personagens. Mas acho que esse foi um dos problemas para eu gostar da história.
O livro é cansativo e chato. Demorei muito para lê-lo. Sem ação, eu juro que achava uma penitência o ato de ler a história. Tinha momentos que não entendia nada e não sabia de quem ou que personagem estava em foco naquele momento da leitura. Parecia que lia uma história sem propósito por que não havia uma trama formada. Foi a primeira vez que me senti obrigada a ler um livro.
A história de As meninas não é ruim, mas acho que faltou um pouco de ação, um enredo que prendesse o leitor. Indico o livro até porque apresenta um panorama sobre a situação dos jovens durante os anos mais complicados da história recente de nosso país e como era a posição deles diante daquilo tudo. Mas deixo um aviso que é uma dica: não leia “As Meninas” com prazo determinado. Leia com calma e tranquilidade. Sem pressa, sem compromisso.
As meninas
Autora: Lygia Fagundes Telles
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 304 | ISBN: 9788535914306
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Para ler: https://amzn.to/2y8bTyP
♥
Mil beijos e até mais!
3 Comentários
Rebeca Santos
2 de dezembro de 2012 at 19:01Meu Deus, Karin, me sinto exatamente assim lendo esse livro!!! Joguei no Google “As meninas é chato” pra ver se mais alguém compartilharia dos meus pensamentos.
Estou lendo, sou persistente! Mas olha, que dificuldade. Um capítulo INTEIRO para somente um diálogo? E os pensamentos embaralhados, demorei pra acompanhar. Mas se é um clássico, vamos ler, ao menos que seja para desgostar e criticar.
Karin
3 de dezembro de 2012 at 12:13Ai Rebeca, que alívio!!!!
Achei que era somente eu que achava ele chato. Sei que a ideia da Telles era exatamente esse: embaralhar. Diálogos confusos, e esse complexo psicológico. Fui até o fim, mas não recomendo para ninguém!