O aprendiz de assassino não é o tipo de história que me ganhou logo na sinopse, mas a grande surpresa foi que esse não é exatamente um livro inédito no Brasil. Lançado anteriormente pela Editora Leya, eu não tinha a mínima ideia da existência desse livro. Agora com os direitos adquiridos pela Editora Suma me deparei com essa capa azul linda.
Fitz tem seis anos de idade quando seu avô o joga aos pés de um guarda real e anuncia que a partir de então o pai deve cuidar do bastardo que produziu — e o pai de Fitz é ninguém menos que Chilvary Farseer, o príncipe herdeiro dos Seis Ducados.
Excluído pela realeza, mas importante demais para ser abandonado, Fitz é criado à sombra da corte, protegido pelo mestre dos estábulos e crescendo em meio aos criados e plebeus da Cidade de Torre do Cervo. No entanto, um bastardo real é uma peça perigosa, e o rei Shrewd não demora a convocá-lo.
Carregando no sangue a magia ancestral do Talento e uma habilidade ainda mais instintiva de se comunicar com os animais, Fitz passa a ser treinado para se tornar um assassino a serviço do rei. Quando saqueadores selvagens começam a atacar as regiões costeiras dos Seis Ducados, Fitz recebe sua primeira missão. Embora alguns o vejam como uma ameaça, o jovem bastardo vai provar que pode ser a chave para a sobrevivência do reino.
Fonte da sinopse: Editora Suma de Letras
Normalmente fantasia não é a minha primeira escolha de leitura porque demoro embarcar na história. Só que dessa vez foi completamente diferente. Já no inicio da edição há uma nota de esclarecimento sobre o porque de manter os nomes dos personagens em inglês e não traduzi-los, além de citar a existência de um glossário com os termos relevantes da história, já diferenciando a edição nova da anterior.
Em O Aprendiz de assassino cada nobre recebe o nome de acordo com a característica que lhe moldará e formará seu caráter. Não saber no começo o nome do personagem principal tem um motivo bem especifico. Ele é um bastardo que passa a ser criado pela nobreza a partir dos 6 anos de idade. Antes disso, Fitz de nada se lembra!
A minha presença deixava alguns desconfortáveis. Fui me habituando ao murmúrio de vozes que começavam sempre que eu deixava a cozinha.
Apesar de demorar a embarcar nas histórias de fantasia, a mágica na minha experiencia de leitura acontece porque sempre me apego muito a personagens desses mundo. Quando Fitz começa a relatar que na infância precisou se abrigar nos estábulos do reino quando foi deixado lá, essa situação já foi criando em mim uma sensação de revolta. Em 4 páginas lidas, eu já queria vingança sem nem conhecer os outros aspectos da trama. Não me julguem, mas livros de fantasia me causam essa reação!
Quem toma conta de Fitz no começo é o braço direito do seu pai (que é o filho mais velho do rei dos Seis ducados) que apesar de ser casado, não tem herdeiros legítimos! Obviamente no começo, o pequeno Fitz é rejeitado pela família real e a criança é apenas vigiada de longe pelo Rei (o avô). A história vai de desenvolvendo e nos são apresentados dois tipos de magias: a “Manha “, que é o dom de entender os animais; e o “Talento“, que é o dom ligado as relações humanas, um tipo de telepatia e controle mental.
Claro que para manter um reinado de sucesso, o “Talento” é muito mais importante que a “Manha“. Tanto que ela não é bem vista e é proibida porque eles acreditam que, quem tem o poder da Manha pode se aproximar demasiadamente do instinto animal e deixar com que esse se sobreponha ao humano.
Está na cara que Fitz apresenta uma aptidão para a Manha, porque, vamos e convenhamos, toda desgraça é pouca. Sendo alimentado e ignorado por muito tempo pela família real, Fitz cresce nos estábulos até que o rei decidi que é mais prudente tê-lo como aliado. Afinal, se ele possui a Manha é necessário que alguém lhe ensine o Talento.
No fim das contas, um bastardo pode ser usado contra o próprio rei e o reino. A partir desse momento, Fitz começa a ser ensinado sobre tudo o que um nobre deveria fazer e em contrapartida o rei lhe cobra fidelidade. E essa fidelidade vem em forma do treinamento especial para se tornar um assassino extremamente eficaz que trabalhe em favor do reino!
Cresci sem pai nem mãe em uma corte onde todos me conheciam com um divisor de águas. E um divisor de águas me tornei.
Até então, nada novo no mundo das fantasias onde o jogo politico não tem o menor escrúpulo. Segui a leitura de O Aprendiz de Assassino me perguntando quando é que Fitz se daria conta de que estava sendo completamente moldado e usado. A grande sacada dessa história é que, Fitz é a grande estrela do plot.
Apesar das aventuras e disputas Robin Hoob, entrega um mundo que faz o personagem principal a estrela da própria história, um personagem que cresce e amadurece muito já no primeiro livro, amadurecimento e experiência construindo a base de muito sofrimento, alias tenho certeza que os elogios que George R.R Martin tece ao livro se deve ao sofrimento que a autora faz o personagem passar.
Mas apesar do meu horário tão cheio, passava a maior parte do tempo sozinho. Solidão. Ela me encontrava todas as noites, quando eu procurava em vão um cantinho pequeno e acolhedor na minha grande cama.
A narração em O aprendiz de Assassino
Com uma narração em primeira pessoa, em o Aprendiz de Assassino somos transportados do presente para as lembranças do passado de Fitz sem uma quebra na narrativa. O que me faz embarcar muito rápido nessa leitura é justamente a verossimilhança entre o destino de uma criança bastarda e a vida de qualquer pessoa, apesar de se tratar de uma fantasia. Se tirarmos a parte do rei, de dons recebidos e etc, percebemos que, o que faz Fitz amadurecer pode facilmente ser a história de qualquer leitor.
Assim que entendemos como funciona a relação entre os personagens, Fitz já está quase pronto para a primeira missão em nome da defesa dos Seis Ducados que tem sido atacada por Salteadores dos Navios Vermelhos que tem sequestrado os moradores do reino. Como já é de se esperar, o fim do livro deixa o maior cliffhanger. E de tudo que vi na internet sobre O Aprendiz de Assassino, os próximos volumes da saga serão ainda melhores.
A conclusão é que eu não deveria ter deixado a capa da edição antiga me afastar. Essa é uma ótima história que já estou bem ansiosa para que a Suma lance a sequência (afinal de contas quero minha serie combinando). Vocês já conheciam o livro? Quem mais aí se deixa ficar revoltada com as injustiças das tramas de fantasia?
Aprendiz de Assassino
Autor: Robin Hobb | Editora: Suma de Letras
Páginas: 376 | ISBN: 9788556510846
Skoob | Goodreads
Para ler: https://amzn.to/2nYmCqk
Ósculos e Amplexos, Karina.
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